Saiba como participar

A consciência ambiental está presente na vida do ser humano desde que este adquiriu conhecimento da fragilidade do planeta. Uma vez que necessitamos de inúmeros recursos para impulsionar a produção de nossas fábricas, para fornecer energia...

Conheça mais sobre a ORLA VIVA

A Associação Ambiental ORLA VIVA-MA é continuidade do Projeto de Educação para Conservação Ambiental Orla Viva, iniciativa dos Professores José Maria dos Reis Maia Filho (SEDUC-MA) e Maurício Araújo Mendonça...

Nossas atividades

A Associação Ambiental ORLA VIVA-MA é continuidade do Projeto de Educação para Conservação Ambiental Orla Viva, iniciativa dos Professores José Maria dos Reis Maia Filho (SEDUC-MA) e Maurício Araújo Mendonça (UFMA)...

Conheça mais sobre a ORLA VIVA

A instituição recebe estudantes de todos os níveis de ensino e é aberta para visitação pública. De março de 2007 a dezembro de 2009 nossos registros indicam a presença de 6.725 visitantes, vindos de 14 Países, de 26 Estados brasileiros...

Saiba como participar

Como ONG, a Orla Viva representa um novo jeito de buscar o desenvolvimento social e promover o bem comum; O cumprimento de nossos objetivos institucionais se dá por meio da cooperação e do incentivo que recebemos...

domingo, 15 de abril de 2012

Que Tal Nadar com 8 Milhões de Águas-Vivas?

Por: José Uilian Silva
(Acadêmico do 3º Período de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Maranhão e Voluntário do Orla Viva - MA)

Quem em seu juízo perfeito teria coragem de mergulhar em local infestado de águas-vivas? Mas, ao contrário de outros lugares onde há ataques de águas-vivas e outros cnidários (inclusive no Brasil), no lago Jellyfish, localizado no Pacífico, num grupo de ilhas também conhecidas com Micronésia, turistas e moradores da região têm o privilégio de nadar com águas-vivas e não sofrer ataques. O local é de fácil acesso, possuindo uma trilha a partir da praia, e logo se transformou em um ponto turístico. As águas-vivas tornaram-se inofensivas ao homem e os demais animais com o passar dos anos, num fascinante processo que veremos mais adiante.

O fotógrafo Kevin Davidson, dono de uma loja no arquipélago de Palau, registrou este lago infestado de águas-vivas. O arquipélago possui uma superfície de 458 quilômetros quadrados e 1.519 quilômetros costeiros.
No âmbito histórico, esse arquipélago foi descoberto no século XVI por exploradores espanhóis. Mais tarde, no século XIX, foi dominado pelos alemães e, posteriormente, pelo Japão. Só a partir de 1947, quando os Estados Unidos da América constituíram uma administração fiduciária (que pertence por confiança ou herança), Palau conseguiu uma “semi-independêcia”, já na década de 80.

Localização no Mapa Mundi da república de Palau.
O lago Jellyfish era antigamente ligado ao Oceano Pacífico, mas, quando o nível do mar baixou, ocorreu o isolamento do lago, e as águas-vivas - assim como os demais habitantes do lago - ficaram presas no local por uma barreira de rochas. Sem risco de predadores e num ambiente rico em nutrientes, principalmente algas, a população de água-viva cresceu bastante e atingiu cerca de milhões de indivíduos no lago. A ausência de predadores foi importante para o sucesso da população no lago e logo a características dos nematocistos funcionais foram perdidos.

Na falta de alimento, as águas-vivas foram associando-se a algas zooxantelas - que fazem fotossíntese e produzem seu próprio alimento. A água-viva será então a fornecedora da "carona" em direção ao sol para as algas, passando a produzir uma enzima que permitia aproveitar o alimento que a alga fotossintetizava.
Imagem mostrando a beleza de uma água-viva no lago marinho de Palau (Foto: Kevin Davidson/Caters)
Jellyfish é o único lago marinho de Palau aberto ao turismo. Localizado na ilha de Eil Malk. (Foto: Kevin Davidson/Caters)
As águas-vivas também conhecidas como medusas são pertencente à classe Scyphozoa ou cifozoários, filo Cnidaria (do grego “Knide”, significa “urtiga”). Os cnidários caracterizam por terem células urticantes denominadas de cnidócitos (onde o veneno desses animais está alojado e é liberado sob forma de defesa) e por serem relacionados a muitos problemas de ataques desses organismos, que, quando em contato com a pele humana, traz lesões na epiderme que lembram “queimaduras”. Essas lesões variam de vermelhidões, bolhas ou até mesmo feridas (apesar de serem formas raras de lesões).

No Brasil, os acidentes com seres humanos são devido a algumas espécies de cnidários, como as águas-vivas Chiropsalmus quadrumanus; cubozoários Tamoya haplonemapor, além das caravelas Physalia physalis. Esses acidentes são considerados geralmente não perigosos à vida do homem. Contudo, há relatos de, em alguns casos, ocorrerem problemas neurológicos, cardíacos e cutâneos ou até mesmo a morte do indivíduo. Casos extremos dependem da quantidade de nematocistos descarregados, da capacidade de penetrar na pele, da idade e saúde da vitima, além da existirem diferenças quanto às espécies.

No caso do lago Jellyfish, a perda da função dos nematocistos das águas-vivas locais tornou-as inofensivas a nós, sendo possível até mesmo tocar em seus tentáculos com as mãos nuas sem sofrer nenhuma consequência - algo impensável em qualquer outro lugar.

Segundo o fotógrafo que frequenta o local há mais de 15 anos, as pessoas que tem medo entram em pânico quando olham a quantidade de águas-vivas e não entram no lago. Ainda segundo o fotografo, os turistas podem sentir centenas de leves toques na pele enquanto nadam com as águas-vivas. (Foto: Kevin Davidson/Caters)

Diante de tanta beleza que esse grupo de animais possui e da pouca atenção aos acidentes ocasionados por esses organismos marinhos no litoral brasileiro, é notável e possível que haja uma boa relação ecológica do homem com a natureza, sendo o exemplo do lago marinho de Palau demonstrar o quanto é importante à conservação e o respeito aos seres vivo que nos rodeia.



FONTES: BBC Brasil. Nadando com águas-vivas. Março de 2012. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2012.

WEBER, George. The Palau Pymiens. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2012.


LEVES, Ricardo; AMARAL, Fernanda D.; STEINER, Andrea Q. Levantamento de registros dos acidentes com cnidários em algumas praias do litoral de Pernambuco (Brasil). Ciência & Saúde Coletiva. Pós-graduaçao em Ensino das Ciências, Recife, v.12 , n.1, 231-237, 2007. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2012.