Um bom programa para se fazer em família é visitar jardins zoológicos e aquários. Como de praxe, quanto maior e mais feroz o animal, maior o interesse do público. É nesse cenário que, nos últimos anos, o número de cativeiros, especificamente de elasmobrânquios, tem crescido de forma a intensificar a captura desses animais. Um exemplo disso é o caso dos tubarões e das raias, que despertam grande procura por parte dos empreendedores. A questão é: será que esses animais têm sido mantidos em condições adequadas de manejo?
Os cativeiros modernos devem promover a conservação da natureza, e é nesse âmbito que as técnicas para a manutenção em cativeiro desses animais vêm se especializando cada vez mais, possibilitando não só a exposição ao público, mas também a pesquisa em relação à biologia e ao comportamento desses animais.
O grande fascínio pelos tubarões e raias acabou por intensificar a captura, muitas vezes desenfreada, desses animais e, consequentemente, aumentou a preocupação acerca do manejo dos mesmos em cativeiro. Com isso, criou-se em 1989, o Censo Sul-americano de Elasmobrânquios em Cativeiro, vinculado ao “The American Elasmobranch Society – International Captive Elasmobranch Census”, proporcionando informações detalhadas do processo de manutenção desses peixes.
A problemática está na dificuldade do aprimoramento das técnicas de manejo em acompanhar a expansão de empreendimentos que visem à exposição pública. Isso acontece devido à falta de uma regulamentação para a captura, transporte e manutenção em cativeiro no Brasil, diferentemente de outros grupos de animais como os cetáceos, por exemplo. Além disso, atualmente não existe uma fiscalização específica que controle o manejo de tubarões e raias em centros de pesquisa e setores públicos e privados voltados à exposição. Há apenas leis federais que podem dar subsídio (lembrando que é necessário que haja uma fiscalização eficiente), mas não são específicas para esses animais
O resultado da falta de fiscalização das leis existentes e da carência de leis específicas acaba por alimentar o comércio de peixes ornamentais em estabelecimentos e residências, a exemplo do tubarão-listrado (Chiloscyllium punctatum) e do cação-lixa (Ginglymostoma cirratum). Problema maior ainda é o comércio de peixes do nosso litoral, pois estes são vendidos jovens e com poucas chances de sobrevivência. Devemos atribuir a importância merecida dos tubarões e raias para o ambiente e encarar a sua criação em cativeiro como uma fonte de educação para o público e de informações para os pesquisadores. Os tubarões e as raias, assim como qualquer outro animal em cativeiro, não são simplesmente “máquinas de fazer dinheiro” para os empreendedores e qualquer outro setor, seja ele público ou privado, que trabalhe com a ideia oposta deve ser repudiado.
Muito legal a resenha, traz uma perspectiva diferente das abordadas nas outras resenhas. É legal perceber como o aquarismo e a criação de animais selvagens tem de ser extremamento responsável.
ResponderExcluirGostei da resenha, fez-me lembrar de que não é só com a pesca predatória com que devemos nos preucupar, mas também com a captura de espécimes para criação em cativeiro, que exige o mesmo grau de fiscalização.
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ResponderExcluirO importante é saber que tem pessoas que se preocupam com a fauna aquática e grandes iniciativas como essa, vão sempre ser bem vindas na busca da conservação das espécies. Muito boa a resenha, parabéns pela publicação.
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