Por: Rafael Antônio Brandão
Voluntário do Orla Viva - MA
Bolsista PET-Biologia
Graduando do curso de Ciências Biológicas-UFMA
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Figura 1- Actiniario adulto.
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O
que vêm à sua mente quando você ouve a palavra Cnidária? Muito provavelmente a
sua resposta será: “Águas-vivas”, “Caravela” ou algo relacionado às queimaduras
que alguns dos representantes mais famosos desse filo podem causar. Porém,
dentre os Cnidarios existe um grupo de organismos muito famoso pela sua
aparência exuberante e fama de bonzinho – as anêmonas-do-mar.
Eles são animais pluricelulares, marinhos e que distribuem-se
desde a zona entremarés (região do meso litoral) até regiões mais profundas dos
oceanos pelo mundo. Os Antozoários, mais especificamente os Actiniarios (ordem
à qual pertencem as anêmonas) diferem dos outros grandes grupos de Cnidarios
pelo fato de não apresentarem alternância de geração, ou seja, o adulto só
apresenta a forma de pólipo sedentário.
É comum a ideia de que as anêmonas são organismos que
ficam fixados em pedras apenas se alimentando de animais ou partículas que tocam
os seus tentáculos, sendo esse o único tipo de interação que esses animais têm
com o ambiente vivo ao seu redor. Entretanto, já se sabe que algumas anêmonas
podem apresentar diferentes tipos de interação com os mais variados grupos de
organismos, incluindo vertebrados. Quem já viu a animação da Pixar “Procurando
Nemo” sabe que dentre as relações ecológicas envolvendo anêmonas, a de maior
destaque é a protocooperação existente entre algumas espécies de
anêmonas-do-mar (ex: Heteractis aurorea e
Stichodactyla gigantea) e peixes do
gênero Amphiprion. Nesta relação em
particular, o benefício da anêmona está ligado à alimentação, já que ela se
aproveita dos restos alimentares dos peixes.
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Figura
2- Peixes-palhaço se protegendo
dentro de uma anêmona.
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Mas não são
só as relações mutualísticas que restringem as interações das anêmonas-do-mar.
Alguns estudos realizados na região nordeste do oceano Atlântico com Ctenóforos
da espécie Mnemiopsis leidyi apontaram
a existência de uma espécie de anêmona do gênero Edwardiisela que parasita indivíduos desta espécie. A infecção se
dá da seguinte forma: o M. leidyi é
infectado mais comumente através da alimentação, já que essa espécie de Ctenóforo
se alimenta basicamente de larvas de invertebrados marinhos. As larvas das
anêmonas, após serem ingeridas, fixam-se, principalmente na faringe e no
estomago, e então sofrem metamorfose, modificando-se para uma forma vermiforme
que se aproveita do alimento obtido pelo hospedeiro, deixando este com um
déficit alimentar.
Figura 3 - Anêmona do gênero Edwardiisela dentro do hospedeiro (a) e
em diferentes fases do seu ciclo de vida (b,c,d). Adaptado de Selender et. al (2007).
Talvez o grande sucesso evolutivo dos
actiniarios tenha se dado, em parte, pelo grande número de interações que esse
grupo apresenta com outros organismos. Então, da próxima vez que você pensar ou
ouvir alguém falando que anêmonas são “estáticas” ou “paradas” lembre-se que as
aparências enganam e que elas podem ser cruéis ao ponto de matar outro animal
de fome!
Muito legal a resenha!!! Interessante pensar em anêmonas como parasitas uma vez que na maioria das vezes elas são citadas apenas como exemplos de relações de simbiose com o peixe palhaço ou caranguejo hermitão. É uma boa quebra de tabus e faz a gente repensar que muitas vezes biodiversidade é incompreendida por nós, por limitarmos as observações e antropomorfizarmos os animais.
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