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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Navy's Marine Mammal Program: E quando a melhor ferramenta é um animal?

Por: Marco Antônio de Menezes Ferreira
Graduando do curso de Ciências Biológicas-UFMA
Voluntário do Orla Viva - MA

                Em um mundo globalizado onde a tecnologia avança cada vez mais, é de se esperar o dia em que os países vão passar a utilizar robôs no lugar de pessoas para fins militares. O que não é de se esperar é que alguns animais seriam os primeiros a fazer parte dessa realidade. Você deve estar se perguntando: como assim animais? Para entendermos essa questão, primeiramente temos que nos remeter a 1963, quando a Marinha dos Estados Unidos iniciou o Programa de Mamíferos Marinhos da Marinha (Navy's Marine Mammal Program - NMMP) na Califórnia. Tendo em vista as incríveis habilidades de mergulho (hidrodinamismo e fisiologia), de ecolocalização, de marcação e recuperação de objetos e de audição dos mamíferos marinhos, a Marinha dos EUA foi levada a utilizar esses animais em investigações militares, dando início ao programa. Além disso, a descoberta de que eles poderiam ser treinados soltos em mar aberto foi mais um ponto positivo para o projeto. Foram testados vários mamíferos marinhos, porém o golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) e o leão-marinho-da-Califórnia (Zalophus californianus) se destacaram devido às suas habilidades de sonar biológico e audição/visão, respectivamente.
Figura 1. Leão-marinho da Califórnia utilizado pelo NMMP

                Os treinamentos tinham como objetivo a proteção de instalações portuárias e de navios contra mergulhadores não autorizados, a detecção e remoção de minas e a recuperação de equipamentos. Os animais são separados em equipes especializadas em determinadas missões. Ao todo são cinco equipes: MK4, MK7 e MK8, formadas por golfinhos e que constituem o Sistema de Mamíferos Marinhos de Caça de Minas, responsáveis por detectar e/ou marcar o local de minas fora do fundo oceânico, detectar e/ou marcar o local de minas no fundo oceânico ou enterradas e identificar corredores seguros para o desembarque inicial de tropas em terra, respectivamente; MK6, que utiliza golfinhos e leões-marinhos como sentinelas para proteger cais, navios, portos e ancoradouros contra veículos, nadadores e mergulhadores não autorizados; e MK5, formada por leões-marinhos constituindo o Sistema de Mamíferos Marinhos de "Localização Rápida" responsável pela recuperação de equipamentos de testes lançados por navios e aviões. 

Figura 2. (esquerda) Leão-marinho da NMMP colocando uma linha de recuperação em uma peça de equipamento de teste durante o treinamento
Figura 3. (direita) Golfinho da NMMP durante treinamento

Desde quando foi criado, o programa foi alvo de críticas, principalmente de ativistas, acerca da controvérsia sobre o tratamento dos animais e das especulações quanto a natureza das missões e do treinamento, sendo isto muito provavelmente devido ao caráter confidencial do programa até a década de 1990. Talvez a crítica mais grave ao programa tenha sido em relação aos rumores acerca do treinamento de golfinhos para missões de ataque contra navios e pessoas, ou seja, a criação de verdadeiros "golfinhos-bomba", o que foi negado veementemente pela Marinha dos EUA. Além disso, a Marinha rebateu as outras críticas alegando que o NMMP cumpre todas as leis federais relativas à proteção e tratamento dos mamíferos marinhos, incluindo a Lei de Proteção de Mamíferos Marinhos e a Lei de Bem-Estar Animal, além de ter uma equipe de veterinários que acompanha constantemente os animais. 

Figura 4. Golfinho da NMMP sob cuidados de veterinários

                Se a Marinha diz a verdade ou não, é difícil de saber, já que, quando se trata de assuntos militares, tudo é possível. Independente disso, segundo o capitão Frank Linkous, chefe do Departamento de Minas de Guerra da Marinha dos Estados Unidos, depois de mais de 50 anos, a Marinha pretende encerrar gradualmente as atividades do NMMP a partir do ano de 2017 e aposentar os mamíferos marinhos participantes do programa. Ela pretende substituí-los pelo robô batizado de Knifefish, um veículo subaquático não tripulado (unmanned underwater vehicle - UUV) em forma de torpedo que mede 7 metros de comprimento. O plano é que ele fique pronto para uso até 2017; o Knifefish terá a capacidade de percorrer os mares por até 16 horas à procura de minas utilizando o sonar para detectá-las.
                Uma questão que podemos levantar é: se o Knifefish UUV utilizará sonar para detectar minas, isso não vai prejudicar os mamíferos marinhos que também utilizam o sonar na comunicação? Esperemos que a Marinha dos EUA esteja se prontificando a estudar isso, até porque o maior impulsionador dessa substituição pode não ser o bem-estar desses animais por si só, mas sim a vantagem de custo. Para missões que exigem longas viagens, os animais são transportados em navios de guerra em compartimentos especiais sempre acompanhados pelos tratadores e pelos veterinários. Além disso, mesmo depois de aposentados, eles precisarão de cuidados para o resto da vida, afinal, eles não são que nem os cães que fazem missões semelhantes, mas em terra, no Afeganistão e no Iraque (sim, o incrível olfato dos cães também os levaram a participar de investigações militares), que, quando aposentados, vão morar com os seus tratadores. Dessa forma, é mais vantajoso, a longo prazo, desenvolver um robô, apesar de a tecnologia robótica não ser 100% eficaz quando comparada às habilidades dos mamíferos marinhos, embora chegue bem perto. 

Figura 5. Knifefish UUV (Unmanned Underwater Vehicle)


                Mas não são só os golfinhos e os leões-marinhos que estão perdendo seu posto. A Marinha dos EUA também está investindo em tecnologias para substituir, ou pelo menos diminuir, a atividade humana na eliminação de bombas perigosas, missões conhecidas como Eliminação de Artilharia Explosiva (Explosive Ordnance Disposal - EOD), lembrando que os mamíferos marinhos não executam esses tipos de missão.
                É muito estranho pensar em golfinhos e leões-marinhos envolvidos em investigações militares, mesmo com toda garantia do NMMP em relação ao bem-estar animal. Quando se fala no uso deles como armas de guerra, o pensamento, além de estranho, torna-se assustador e preocupante. Se o novo projeto vai ser realmente eficaz e não vai trazer prejuízo aos animais marinhos, não sabemos, mas torçamos para que dê certo. Afinal, apesar de supostamente serem bem cuidados, o lugar deles é em liberdade na natureza.

Fonte: WEINBERGER, S. 2012. Robots replace costly US Navy mine-clearance dolphins. Disponível em: <http://www.bbc.com/future/story/20121108-final-dive-for-us-navy-dolphins>. Acesso em: 17/08/13. SPACE AND NAVAL WARFARE SYSTEM CENTER. 1998.  Annotated Bibliography of Publications from the NMMP. Technical document 627. P. v-vii..



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